Morando com os 7 anões

Ás 3 da manhã dessa noite terminei de decorar e colocar em ordem o meu quarto. Mudei de apartamento há duas semanas e estava exausta emocionalmente tentando me organizar e ao mesmo tempo encontrar a melhor forma de deixar o meu quarto como o meu lar doce lar. O meu cantinho para escrever, ler, ver filmes e ficar comigo mesma (o que nem sempre acontece). Após tanto esperar pela pintura do cômodo eu precisava organizar tudo, colocar tudo em ordem, senão nem dormiria.
Mudanças não são fáceis pra mim! Seja mudar de um lugar para outro, seja ter que me adaptar com uma nova relação. Demoro bastante pra me acostumar com a nova situação.
Nessa nova casa temos um novo roommate, ele é bem barulhento e às vezes me deixa louca com a bagunça que faz quando cozinha. Me lembra muito a minha vó, cuja a comida foi a melhor que já provei na vida, mas a sujeira deixada na cozinha quando ela acabava de cozinhar era digna de um filme de terror para uma pessoa como eu rs.
Pra piorar ele fuma maconha! Então, junto com o outro roommate fez em uma salinha do lado do meu quarto uma espécie de smoking room. Passei 10 dias tentando fazer algo para que a fumaça não entrasse pela frestas da porta. O bagulho é tão puxado que tentei entrar lá uma vez e me senti descendo a serra em dia de neblina.
Além disso parece que é um dom natural do sexo masculino largar as coisas de qualquer jeito em qualquer lugar. Copo sujo, prato com comida, pano sujo, em cima da pia, da mesa, do balcão da cozinha. Filme  de terror parte 2 pra mim! Tava quase surtando, querendo mudar de novo!
Morar com mais pessoas não é fácil, morar com meninos, pior ainda! Lembro me que tive Síndrome do Pânico uns meses após ficar noiva pensando em como funcionaria aquele convívio. E ainda depois de me casar levei um ano tentando me adaptar e ao mesmo tempo doutrinar o Príncipe Encantado às tarefas do lar. Às vezes acho que só não tenho TOC porque isso limitaria o meu convívio social e sou definitivamente o que chamamos aqui de “people person” rs.
Sim, cheguei à conclusão que sou mesmo chata com limpeza e bagunça. E não, não gosto mesmo quando mexem nas minhas coisas sem pedir. Sou do tipo que cuida muito bem de cada Tupperware de 1 dollar. Minha mãe bem pode falar a respeito, coitada rs. Depois que me separei tive que voltar a morar com ela e ela me deixava louca quando eu perguntava sobre um pote que não encontrava e ela dizia “eu não sei, tudo nessa casa some”.
E os meninos também ja bem sabem dessa minha mania, chatice ou como queiram chamar, ah como sabem! Um deles fala sarcasticamente “você é muito chata, tá bom mãe, eu vou limpar”. O outro fala \”nossa! você é grossa mesmo, credo!” O mais novo morador não fala nada, acho que tem medo rs. Mas uma coisa que eles não falam é que não podem me ver chegar em casa que já vai todo mundo correndo pra me ver. Se eu demoro pra chegar me mandam mensagem perguntando onde estou. Se passo mal estão lá pra me ajudar. Quando brigam um com o outro vem pra mim reclamar, fazer drama e chorar rs. Acho que eu e os meninos formamos mesmo uma família.
Outro dia pensava que quando eu morar realmente sozinha vou sentir falta de tê-los comigo. Quero muito ter um canto so meu, sempre morei com mais alguém. Mas de fato nas únicas duas semanas em que morei sozinha senti um vazio danado.
E curioso como temos medo de nos adaptar ao convívio com outras pessoas, mas quando elas, ou você se vai, todos as brigas, as chatices, os maus hábitos se tornam nada perto da falta que a risada, o abraço, a dedicação sincera significam.
Nao estou dizendo que se deve permanecer em uma situação de convívio extremamente estressante, mas fugir para o castelo na busca de uma reconfortante, cômoda e aparentemente perfeita situação não e o caminho. Queria eu ter sabido aproveitar mais o convívio com os meus irmãos, primos e tias enquanto estávamos sempre juntos. Queria eu ter brigado menos e abraçado mais. Me incomodado menos e ajudado mais. Mas ta tudo certo, o tempo sabiamente não volta. O que posso fazer agora e continuar dando todo o carinho e bronca que essa Branca de Neve Louca dos Potes pode dar e assim ir aprendendo a aceitar mais as limitações dos meu anões aqui e as minhas também. E se a coisa apertar sempre vou ter o meu canto, a minha floresta, para encontrar a minha paz. E o resto se ajeita, enquanto a gente tenta não controlar tanto, usando de um encanto que fui realmente conhecer aqui, morando fora, morando com eles: a fé! E bora usar da fé para lidar com as mudanças…

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