Dear Santa, I\’ve been naughty…

Querido, Papai Noel, eu tenho sido levada…

No entanto, não acredito que isso seja ruim. E esta carta é, na verdade, para protocolar um pedido de reconsideração dos critérios usados no julgamento para o recebimento dos presentes da vida.
Veja bem, por alguns motivos, ainda criança, levei a mim mesma a acreditar que só seria uma pessoa boa e que as pessoas só gostariam de mim se eu fosse perfeita. Talvez porque tenha prestado demais atenção às críticas ruins e também ao comportamento delas perante algo que as fizessem suspirar de alegria. \”Que quadro perfeito\”, \”que prato perfeito\”, \”que corpo perfeito\”, \”que rosto perfeito\”, \”que menina perfeita, ela é tão boazinha!\” (revirei os olhos nessa última, desculpe, não posso mentir para o Senhor).
Bom, quando eu menos percebi estava tentando alcançar a bondade da Madre Teresa de Calcutá, a serenidade do Dalai Lama, a resiliência de Nelson Mandela, querendo ter o rosto da Gisele Bündchen e o corpo da Jennifer Lopez. Sério, eu deveria estar parecendo um Frankenstein! Por dentro e por fora.
Mas o pior de tudo: eu não agradava a todo mundo, muito menos a mim mesma. Eu estava sem sal nenhum, como dizemos no Brasil, e infeliz, muito infeliz.
Com ajuda de algumas pessoas, que posso até chamar de anjos, mas sem asas, comecei a refletir e questionar se era isso mesmo o que Deus queria – me ver infeliz. O Senhor trabalha para ele, certo!? Se Deus é nosso Pai e definitivamente não quer nos ver infeliz, pois, pelo que sei nenhum pai quer, então quem quer que tenha sido o elfo que escreveu essa porra desses critérios devia estar bem louco de \”erva-santa\” para ter interpretado tudo como preto e branco! (Desculpe novamente, só expressando um pouco da raiva do que me levou a acreditar que eu deveria ser diferente do que era).
Sendo assim, vou contar ao Senhor um pouco do meu ano e pedir para que o Senhor reflita sobre essa questão de suma importância. Isso mesmo, o mundo muda e as pessoas também, então os conceitos devem ser repensados, a todo momento, se a verdadeira intenção é de que nós evoluamos.
Vamos lá.
Eu disse a alguém com quem estava saindo (mas não namorando, só pra deixar bem claro!) que não estava saindo com mais ninguém, mas na verdade tive outros dois encontros. De fato eu não estava saindo com aquelas pessoas e só tive esses encontros porque achei que o cara com quem estava saindo tava pouco se fudendo para mim – o que acabou por ser mostrar verdade meses depois, que fique registrado. E ao mesmo tempo eu disse para os outros dois caras que não sairia mais com eles por falta de tempo. Tá, essa foi foda. Mas eu não queria magoá-los dizendo que não iria mais vê-los porque gostava de outro. Altruísta de certa forma, não? Tá, vamos para a próxima.
Comi brownie de maconha e misturei todos os drinks possíveis no meu aniversário. Passei mal quando cheguei em casa e meus roommates, que amo como irmãos, me resgataram do meu sono profundo e semi nú no banheiro no meio da madrugada hahahaha. Ah, essa foi um pouco engraçada vai! Eu nunca usei drogas, mas era 3.5 né, Papai Noel, não é pra qualquer um. E serviu para que eu me lembrasse que elas não são mesmo pra mim. Lição aprendida.
Quebrei o pulso em dois lugares depois de sair pra dançar \”Bum bum tam tam\” na neve e fazer graça no Instagram com a galera. Noel, era \”Bum bum tam tam\”, em grupo, embaixo de neve, muito exclusivo! Sou aquariana, negar seria contra a minha natureza.
Posso ter deixado de tomar banho uma ou duas vezes no inverno. Ah tá, pro Senhor que vive aí no Polo Norte uma eternidade e é obeso (vamo falá a real aqui, se é pra ser sincera!) o frio não é nada. Mas garanto que, mesmo assim, fui dormir limpinha.
Usei um aplicativo de relacionamento, conhecido por ter fama de ser só para sexo, para… sexo! Nada demais nessa aí. Não menti pra ninguém e tratei todo mundo com carinho. Quero dizer, os poucos mocinhos que conheci no aplicativo hehehe. Porque sou romântica né, logo cansei. Foi só uma experiência. Passou, passou.
Perdi a paciência com mamãe quando ela estava me visitando. Essa me dói um pouco. Mas, Papai Noel, ela ficou quarenta e dois dias aqui, dormiu comigo, comeu comigo, viajou comigo e só desgrudei dela por pouquíssimas horas em todo esse tempo. O senhor sabe, convivência é algo difícil e às vezes esqueço que ela é mãe, além de minha musa inspiradora, terapeuta, mulher, vó, e muitas outras coisas. Ela tem tantos papéis, que exerce de forma admirável, que, às vezes, quando ela age no de mãe chata e preocupada eu não aguento. Mas você não tenha a menor dúvida de que a amo do tamanho do Universo. Se quiser até te mando os print screens de todas as vezes que disse isso a ela esse ano. Ai… não. Retiro o que disse, são muitos, preguiça hein…
Usei biquíni fio dental de novo nesse verão. O quê? Eu não tenho culpa que, por qualquer que seja o motivo, a grande maioria das americanas gosta de usar fralda na praia. Ahhhhh e nem vem com a ladainha da moral, dos bons costumes e blá, blá, blá. A americanada aqui se esfrega no p… projétil dos homens quando dança. E não é do namorado não, é de qualquer um tá. Hipocrisia que chama. Levanta a bundita gordita e fofita e vem dar uma checadita nos Clubs aqui. Fica a dica!
Comi doce, muito doce. Tá foda, Noel! Daqui a pouco posso me candidatar para o cargo de sua ajudante de tão por  cima da cintura da calça que tá a minha pança. Mas já tomei consciência de que açúcar é muito ruim pra mim. Não só para a minha aparência. Eu fico mesmo loucona de açúcar. Foi numa dessas noites de overdose que cortei a franja, de novo! Eu tô parando, juro, preciso!
Mandei o imbecil por quem me apaixonei tomar no cú expondo publicamente uma carta e posteriormente uma foto. Sem arrependimentos nessa aí. Sinto muito. Aliás, se pudesse ter um teria o arrependimento de não ter feito isso antes. E é isso aí. Dá uma lida na cartinha de término que escrevi pro infeliz que você vai entender. Obrigada. De nada.
Por fim, preciso dizer, com toda a honestidade que aqui usei para me expressar e de todo o meu coração, que mesmo nos momentos tristes eu consegui sorrir. Mesmo pensando em mim fui solidária e empática quando o outro apresentou-me a sua dor. Mesmo perdendo a paciência em pouquíssimos momentos, fui muiiiiitooo paciente na maior parte do tempo, mais do que deveria algumas vezes. Fui tolerante com o diferente, respirei muitas vezes antes de pensar em julgar o outro. Dei carinho a quem me pediu e também a quem não me pediu, mas achei que precisava. Sempre que pude ajudei, com um favor ou com algum docinho para alegrar o dia de alguém. Senti, senti muito, até o que não queria sentir, porque sabia que precisava aprender. Amei, na forma mais intensa do amor. Amei a mim mesma, como pude, sempre que pude. E acredito que tenha conseguido compartilhar um pouco desse amor com as pessoas a minha volta.
Papai Noel, eu fui levada, eu sei, mas nunca fui tão feliz!
Espero que você consiga perceber que os critérios de bondade e maldade devem ser mudados e seja muito feliz você também!
Tenha um Feliz Natal.
Com todo meu amor,
Uma Cinderela Divorciada.

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